Às 9h03, a moeda norte-americana subia 0,26%, cotada a R$ 5,4333. Na quarta-feira, o dólar fechou em queda de 0,75%, cotado a R$ 5,418 -menor valor para a moeda norte-americana desde agosto do ano passado

Porto Velho, RO - O dólar abriu em alta nesta quinta-feira (3) com os investidores aguardando a discussão sobre o projeto de lei orçamentário na Câmara dos Representantes dos EUA, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil, e também dados do emprego no país.
Além disso, as negociações comerciais com outras nações estão sendo monitoradas. A cobrança de taxas recíprocas está suspensa até o dia 9 de julho e os países buscam acordo com os EUA.
Às 9h03, a moeda norte-americana subia 0,26%, cotada a R$ 5,4333. Na quarta-feira, o dólar fechou em queda de 0,75%, cotado a R$ 5,418 -menor valor para a moeda norte-americana desde agosto do ano passado.
O movimento no mercado de câmbio seguiu o exterior, com a divisa dos Estados Unidos perdendo valor ante boa parte das demais moedas globais. A desvalorização teve como pano de fundo as negociações entre os EUA e parceiros comerciais, conforme o fim da trégua tarifária se aproxima. Dados de emprego do país também foram destaque.
Já na ponta doméstica, o foco esteve voltado ao impasse em relação ao decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), derrubado no Congresso Nacional na semana passada e defendido pelo governo Lula (PT).
A Bolsa, por outro lado, marcou recuo de 0,35%, a 139.050 pontos.
O fim do prazo imposto pelo presidente Donald Trump para negociações comerciais se aproxima. Os países têm até a próxima quarta-feira, 9 de julho, para traçar acordos com os Estados Unidos, a fim de evitar a imposição de tarifas de importação mais altas. Passado o prazo, volta a incidir o tarifaço de 2 de abril.
Trump indicou na terça que não deve estender o período. Ao mesmo tempo, os acordos firmados durante os 90 dias de trégua ficaram aquém das expectativas.
"Tivemos um memorando mais formal de entendimento com o Reino Unido, que é muito restrito a alguns setores específicos, e uma trégua temporária com a China, que segue em negociação. Não tivemos grandes avanços, o que pode forçar Trump a estender o prazo", diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Alguns dos principais funcionários de comércio do governo estão abaixando a régua para alcançar o máximo de acordos possível, segundo reportagem do Financial Times. Apesar do plano simbolizar um recuo da promessa da Casa Branca, que visava 90 acordos durante os 90 dias de trégua, ele também oferece a chance de alguns países fecharem entendimentos mais modestos e que podem ser melhor desenvolvidos depois.
A busca do governo Trump é por um "princípio de acordo" com alguns países que já estão com negociações adiantadas, disseram quatro pessoas familiarizadas com o assunto. Os que concordarem com essas tratativas serão poupados das tarifas mais severas, mas ficarão com a taxa existente de 10% enquanto as negociações sobre questões mais espinhosas continuam.
Em um aceno ao avanço dos planos da Casa Branca, Trump anunciou ter fechado um acordo com o Vietnã, impondo uma tarifa de 20% sobre um leque de produtos do parceiro asiático. A taxa é menor do que os 46% anunciados em abril.
Wall Street reagiu bem a notícia, com Nasdaq Composite fechando em alta de 0,94% e o S&P500, de 0,47%. O Dow Jones, por outro lado, recuou 0,02%.
"A reação positiva do mercado parece ser mais uma resposta à redução da incerteza sobre o cenário tarifário -com dúvidas persistentes sobre prazos e tarifas finais- do que um otimismo pela magnitude da tarifa em si", diz Nickolas Lobo, especialista em investimentos da Nomad.
Dados do relatório ADP, que mede a criação de vagas no setor privado dos EUA, também afetam as negociações. O número de postos de trabalho reduziu em 33 mil em junho, contrariando as expectativas de abertura de 100 mil vagas.
Além de frustrar as projeções, o relatório também mostra outro lado do mercado de trabalho. Na terça, o Jolts indicou que a criação de vagas no país ficou em 7,8 milhões em maio, acima dos 7,3 milhões esperados por analistas.
Os dados são acompanhados de perto pelos investidores, que buscam pistas sobre a trajetória do mercado de trabalho dos Estados Unidos e, por consequência, sobre as decisões de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano). O relatório oficial, o "payroll", será divulgado na quinta-feira.
"Caso os próximos relatórios de emprego continuem a indicar um enfraquecimento do mercado de trabalho, isso poderá levar o Fed a considerar cortes nas taxas de juros antes do esperado pelo consenso do mercado, que aponta para setembro", diz Lobo.
Já na cena doméstica, o IOF dominou as discussões. Apesar da resistência de uma ala do governo e do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu brigar na Justiça pela reativação do decreto, derrubado pelo Congresso Nacional na semana passada.
A AGU (Advocacia-Geral da União) protocolou uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) na terça-feira. A ideia é questionar a constitucionalidade da decisão do Congresso, com base na análise técnica e jurídica.
"A avaliação técnica dos nossos advogados, e que foi submetida ao senhor presidente da República, foi que a medida adotada pelo Congresso Nacional acabou por violar o princípio da separação de Poderes", disse Jorge Messias, advogado-geral da União.
Na terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o cumprimento da meta fiscal de 2026 depende da efetivação da iniciativa que eleva o IOF, da medida provisória que aumentou tributos sobre aplicações financeiras e de projeto a ser apresentado para cortar R$ 15 bilhões em benefícios tributários.
Haddad disse que as medidas elaboradas pelo governo buscam corrigir distorções e fechar brechas do sistema.
Com o impasse ainda não resolvido, o mercado repercutiu falas do diretor de política monetária do BC (Banco Central), Nilton David.
Em conferência do Citi, David afirmou que a autarquia precisa de bastante tempo para ver os dados de inflação evoluindo para onde a autoridade monetária quer, ressaltando que a meta de 3% será perseguida.
"Não existe um número que vá fazer a gente resolver a questão, é sempre uma série, uma construção, e é isso que a gente busca. Então, 'bastante prolongado' é que a gente vai precisar de bastante tempo para ver essa série evoluindo para onde a gente quer por ora", afirmou.
O BC elevou a Selic em 0,25 ponto percentual neste mês, para 15% ao ano, e já sinalizou que o ciclo de alta será interrompido no próximo encontro de política monetária, no fim deste mês.
Fonte: Notícias ao Minuto
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