STF aprova plano para criação do Parque Nacional Tanaru em homenagem ao “Índio do Buraco”

STF aprova plano para criação do Parque Nacional Tanaru em homenagem ao “Índio do Buraco”

Porto Velho, Rondônia – O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou, na quinta-feira (11), o Plano de Trabalho que prevê a criação do Parque Nacional Tanaru, em Rondônia. A medida busca preservar a memória do “Índio do Buraco”, último sobrevivente de seu povo, que viveu sozinho e em isolamento por quase três décadas na Terra Indígena Tanaru, localizada no sul do estado.

O indígena, cuja etnia e língua nunca foram identificadas, morreu em agosto de 2022, sendo considerado o último representante de seu grupo étnico, exterminado nos anos 1990. Ele recebeu o apelido de “Índio do Buraco” por escavar grandes cavidades no interior das palhoças que construía. Também ficou conhecido como “Tanaru”, em referência à terra indígena que ocupava.

A área em questão abrange aproximadamente 8 mil hectares e se estende pelos municípios de Chupinguaia, Corumbiara, Parecis e Pimenteiras do Oeste. Desde a morte do indígena, a região vem sendo alvo de disputas, com tentativas de invasão por fazendeiros. O Ministério Público Federal (MPF) chegou a acionar a Justiça para garantir a proteção do território, após a identificação de atividades de grilagem e invasão de propriedades dentro da TI.

O ministro Edson Fachin, relator do caso no STF, destacou que a transformação da área em unidade de conservação de proteção integral representa um ato de reparação histórica. Segundo ele, a decisão busca assegurar os direitos fundamentais inscritos no artigo 231 da Constituição Federal, que reconhece a organização social, costumes, línguas, crenças e tradições dos povos indígenas. Fachin também ressaltou que a medida contribui para a tutela do patrimônio ambiental, cultural e arqueológico.

A proposta de criação do Parque Nacional Tanaru foi articulada em conjunto pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o Ministério dos Povos Indígenas, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Ministério dos Direitos Humanos. O Plano de Trabalho homologado estabelece que a União deverá prestar contas a cada seis meses sobre o andamento da implementação.
Quem foi o “Índio do Buraco”

O indígena foi visto pela primeira vez em 1996, quando já vivia isolado na floresta. De acordo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), ele optou por evitar qualquer contato com não indígenas após o massacre de sua comunidade, ocorrido em 1995. Até sua morte, manteve-se em reclusão, sobrevivendo da caça, pesca e agricultura de subsistência.

A criação do Parque Nacional Tanaru se apresenta, portanto, não apenas como um mecanismo de proteção ambiental, mas também como um gesto simbólico de memória e respeito a um povo exterminado.

Fonte : G1 Rondônia. STF aprova plano para transformar área do 'Índio do Buraco' em parque nacional. Disponível em: https://g1.globo.com/ro

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